sábado, 7 de fevereiro de 2009


Crianças de ninguém



“Abandonadas nas ruas


Roubaram seus sonhos


Órfãos do amanhã


Sem casa para morar


Muitas delas, espectadoras de assaltos e violências


Passam fome


Buscam alimento


De dignidade também


Menosprezadas e maltratadas


São pequenas


São grandes


Trabalham forçadas pelos pais


Muitas sem escola


Seus mestres?


A rua, a vida.


Não têm.


Crianças de ninguém


Que vivem sem lar, sem família, sem berço para descansar, sonhar.


Sem casa, sem comida.


Acreditam na vida


Perderam seus sonhos.


Em que sonhar?


Transeuntes das praças


Transeuntes das ruas.


Crianças de ninguém das estatísticas


Crianças de ninguém sem ninguém


São lembradas apenas nos discursos de políticos


Mas depois, sonhos não dormidos


Assim continua.


Crianças de ninguém, por ninguém, sem ninguém.


Criança da esmola, da cola, fora da escola.


E o futuro?


A Deus pertence.


E a criança de ninguém continua a sonhar,


esperando que um dia acorde com alguém a abraçar.


Crianças de ninguém no adulto do amanhã,


que não sabe se vão ter com quem acompanhar.


E aí vão os sonhos que ainda haverão de se realizar.


Crianças de ninguém que sonha em ter alguém.”



Genivaldo Pereira dos Santos




















Os nossos sentimentos:




Para mim a acção deste voluntariado tem se vindo a demonstrar uma descoberta de misturas de sentimentos, visto que desde o inicio a minha direcção não estava direccionada para trabalhar com crianças, pois pensava que não iria ter paciência nem vontade para actuar com elas. Visto que a maioria ganhou, fui “obrigada” a esforçar-me para aos menos as crianças não sentissem que estava ali por estar e não porque queria estar com elas.
Mas ao longo do tempo pode-me aperceber que ao estar lá estava a fazer alguém sorrir, e que não era assim tão difícil lidar com elas, os abraços cada vez se tornam mais fortes e a vontade de estar presente com elas, apesar de tudo, cresce momento a momento. As afinidades cresceram, os carinhos aumentam e para mim deixou de ser um trabalho de escola e passou a ser uma maneira de estar, de viver, poder por um sorriso na cara de uma criança e a melhor recompensa de todas, damos muito, trabalhamos bastante, mas no fim não podemos dizer que só damos pois recebemos demais, um beijo, um abraço, um gosto de ti.
Mariana Martins







Este trabalho fez-me ver que o mundo perfeito que pensamos que existe afinal não passa de uma ilusão. Passa-se tanta coisa a nossa volta e nós nem reparamos, só quando a vivemos é que observamos que nem tudo é perfeito.
Cresci enquanto pessoa e aprendi que um simples gesto de carinho ou mesmo um sorriso pode fazer muita diferença. Ao ajudar estas crianças sinto-me útil, sinto-me a fazer algo que gosto, é tão bom vê-las sorrir apesar de todas as adversidades da vida.
Joana Teixeira


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